Por Ferraz de Brito
Estado de exceção. Câmeras de segurança nas ruas, desligadas. Rádio narrava os acontecimentos, suspensa “por solicitação” da FIFA. Ora, após três décadas de reticência, o Brasil pareceu dar-se conta da sua real situação.
A mídia, burra, numa figura caricata, declarara que não havia motivo para tal. Apenas vinte centavos, dissera. Ledo engano, um posicionamento triste. Estupidez essa que tiraria do reino de Morfeu, um gigante.
A realidade corrente traz à memória os horrores de 64. Juventude motivada nos largos e praças, não somente pela desgraça alheia, mas pela inquietude própria da sua alçada.
O mundo grita. Porque aqui haveria de ser diferente? Grita-se aqui por um mínimo de sanidade.
Assistiu-se, durante quase trinta anos, o espraiamento da displicência, da violência, da precarização, em TODOS os âmbitos. E no auge desse caos coordenado, um projeto de emenda constitucional que legaliza uma impunidade social e culturalmente enraizada.
Não são mais caras pintadas na rua. São caras dadas à tapa, balas de borracha, bombas de efeito moral, matilhas de cães e tropas que não são treinadas para diferenciar a segurança pública de segurança humana.
Vítimas. Vítimas dos dois lados. Vítimas a gritar, vítimas a perpetuar a opressão d'um sistema arcaico. Bambo, em pernas cambaleantes, mas que se nega a sucumbir e dar espaço ao novo.
É com grande alegria que se pode dizer: A criança política de 191 anos finalmente se levantou. Do “berço esplêndido” para a “luta”. O que outrora era motivo de descaso, agora gera revolta, ânsia, barulho. O movimento tomou as ruas, as casas, e a maior de todas as casas, uma que há muito não era habitada: O Congresso Nacional.
É o adolescer de uma Nação, agora, irrequieta. Faça-se, uma vez mais, na terra brasilis, a história.
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