Nesta entrevista, a professora do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Denise Gentil já falava a respeito da questão. “Haverá um grande problema para as pequenas cidades do Nordeste e do Norte, que recebem dinheiro advindo da esfera federal por meio da Previdência. Ela é a grande dinamizadora dessas pequenas economias, que recebem mais recursos do INSS, com as aposentadorias e pensões, do que do fundo de Participação dos Municípios.
Nessas economias, vai se provocar um grande êxodo para as cidades, e isso é a ampliação do caos urbano”, ponderava. Em 2012, em 71,8% das cidades brasileiras o total mensal repassado com o pagamento de benefícios superou o repasse realizado pelo Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
A combinação entre os benefícios previdenciários e a política de valorização do salário mínimo, aliás, é fundamental para o combate à desigualdade. Segundo a Secretaria de Previdência Social, tendo como base dados da Pnad de 2012, o percentual de pessoas abaixo da linha de pobreza no Brasil naquele ano era 27,4%. Sem a Previdência, de acordo com o órgão, esse índice teria se elevado para 40,1%. Com a desvinculação de parte dos benefícios previdenciários em relação ao salário mínimo, a pobreza pode voltar a subir, em especial nos municípios de pequeno porte.