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Efeitos do escândalo - Por Samuel Celestino

Publicado por     |   11 Out 2014
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Efeitos do escândalo - Por Samuel Celestino
Samuel Celestino

As consequências da Operação Lava Jato, que vitimizou a Petrobras, demonstram que a petroleira brasileira estava, se ainda não estiver, infiltrada pela corrupção no mais alto grau. Envolve a participação, por ora, de três diretores nomeados pelo governo, na época de Lula presidente, e por agentes públicos (políticos) que desfalcaram a maior empresa brasileira. A superfaturação dos contratos teria atingido, com o complô de grandes construtoras, cerca de R$ 10 bilhões. 

São tantos os corruptos denunciados pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, confirmados pelo doleiro Alberto Youssef, que seria impossível que o governo da República de nada soubesse sobre o acontecido, como afirmara Dilma Rousseff. Afinal, boa parte do roubo foi utilizada para cevar a campanha eleitoral de 2010, conforme relataram. De mais a mais, um governante não poderia ter os olhos vedados, indiferente ao que acontecia na maior empresa brasileira, símbolo do nacionalismo em outra época do século passado. 

A infiltração da vilania na Petrobras resultou em imensos prejuízos para a estatal, aviltando as suas ações. O grande esquema, talvez o maior da República em todos os tempos, chegou à luz e poderá ter repercussão neste final de campanha eleitoral para a Presidência. Não significa dizer que tenha porque, como ocorre em relação aos círculos concêntricos, a pedra que se lança ao lago necessita de tempo para que seus efeitos cheguem à margem.

Principalmente no Nordeste que se distancia dos acontecimentos do dia-a-dia do País, consequência do desprezo a ele destinado por séculos, à falta de informação, à pobreza e ao desleixo republicano. De tal sorte que os nordestinos passaram a ser discriminados, como no momento ocorre de forma vil. O Nordeste foi e é uma região que mais participou do processo de enriquecimento de estados do sudoeste, como é exemplo São Paulo, além de ter erigido Brasília pelas mãos de seus operários, na época de JK.

As delações claras do ex-diretor Paulo Roberto Costa e do doleiro Youssef não têm volta. O que é do conhecimento de ambos apenas começou a aflorar. É de se esperar, consequentemente, que os chamados “agentes políticos” que atuaram na roubalheira, tenham respostas na próxima legislatura,respondendo a processos e condenados, na medida em que seus nomes cheguem ao conhecimento público. Não se trata de um mero mensalão, vai além, muito mais, de tal sorte que se espera que seja toda a nação contra tais bandidos.

Comparado com o escândalo da Petrobras, o mensalão, com origem também no governo petista, passa a ser uma peça de corrupção menor. O caminho, porém, foi aberto a partir da condenação de réus que, antes, se sentiam protegidos pelo manto do poder. Se o escândalo de agora chegar ao seu final, com provas consistentes que já estariam sobre a posse do Ministério Público, da Polícia Federal, e do juiz Sérgio Moro, haverá, espera-se, uma devassa como nunca houve na República.

Há informações não confirmadas que agentes públicos baianos também surgirão no desenrolar as investigações. Um deles, já carimbado, é Luiz Argôlo, que deverá responder a processo porque o doleiro Alberto Youssef de quem era amigo, o envolveu, supostamente com provas. Argôlo, cínico, tentou se reeleger para continuar com imunidade parlamentar. Felizmente perdeu.

Em relação ao segundo turno presidencial, como o tempo é curto até a eleição no próximo dia 26, não se sabe, nem se deve supor, que Dilma Rousseff será atingida, pela presunção da sua inocência ao dizer que de nada sabia. Pelo menos no Sul/Sudeste os efeitos do escândalo já estão presentes por ser a parte do País com eleitorado mais esclarecido, portanto antenado aos acontecimentos.

 * Coluna publicada originalmente na edição deste domingo (12) do jornal A Tarde
Micael B Silveira

Engenheiro de Controle e Automação, Empreendedor, Jornalista nas horas vagas e apaixonado por sua terra natal: Condeúba.

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