O ano de 1994 marca o início do período de estabilidade da economia com a criação do Plano Real. Naquele ano, o brasileiro precisava trabalhar 3 meses e 14 dias para pagar todos os seus impostos. Vinte anos depois, o país bate um recorde (que não deve ser comemorado). Este 31 de maio encerra um ciclo de cinco meses trabalhados para o governo.
Hoje são 63 tipos de tributos federal, estaduais ou municipais que estão embutidos na renda, no patrimônio ou nos produtos e serviços - um desembolso diário e quase imperceptível. São muitos “is” para lembrar se o imposto é progressivo ou cumulativo. Há o Imposto de Renda, o Imposto Sobre Serviços, o Imposto Predial e Territorial Urbano, o Imposto sobre Produtos Industrializados e por aí vai. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), cerca de 70% da carga tributária incide sobre o consumo e o restante está dividido entre tributação sobre o rendimento, patrimônio e outras taxas para limpeza pública, coleta de lixo, emissão de documentos, iluminação pública etc.
Nos últimos seis anos, o governo não reduziu nem um dia na arrecadação tributária. Só somou. Se o ritmo continuar galopante, em menos de três décadas o brasileiro terá de entregar meio ano para os cofres públicos. "Com o ímpeto arrecadatório do governo, não levará 30 anos. Se o país precisar de um aumento muito grande na arrecadação, como pode acontecer em breve, essa data chegará bem antes", disse João Eloi Olenike presidente-executivo do IBPT.
A única chance de mudar a trajetória de alta dos impostos é realizar a reforma tributária, um tema que tem sido empurrado para escanteio na última década pelos poderes Executivo e Legislativo. Governo federal, estados e municípios sabem que planejar uma cobrança mais simples e justa vai exigir uma revisão dos gastos públicos. É um custo que deve ser pago. Se nada for feito, o bolso do brasileiro ficará cada vez mais minguado.