Os domingos eram sempre sinônimo de alegria. Tudo começava com a arrumação para ir à missa: Escolher uma roupa ideal; Verificar a necessidade de passar ferro e, quando necessário, gritar la do quarto mesmo "Mainha, passa essa roupa pra min por favor!"; Jantar e tomar banho mais cedo. Nessa ordem mesmo porque nunca queria tomar banho antes de jantar. Era um verdadeiro ritual.
Sempre tive crença em Deus e respeito à religião logo a missa era um importante momento para refletir às traquinagens da semana que se passara mas, era uma grande oportunidade de interagir com os amigos. Alguns já eram conhecidos da escola e do catecismo.
Adorávamos sentar em uma elevação, uma espécie de degrau, ao lado do altar. Me lembro de alguns amigos assíduos naquela época, companheiros desse degrau que era Luiz Anselmo (Filho de Doutor Luiz Anselmo), Marcelo Aires (Filho de Cleide), João Leandro (Filho de Geralda), Cauan (Filho de Pelé), Lucas (Filho de Luciana), Beatriz (Filha de Toninho de Filó) e diversos outros. Não podíamos conversar muito, mas uma pergunta que sempre aparecia era "Vai na praça depois da missa?" e quando a resposta era sim a felicidade era imensa.
Ao termino da missa toda a criançada, já agitada aguardando este momento, saia saltitante para ir brincar ou, a depender da sua idade, jogar conversar fora. Era uma verdadeira festa! Passei pela fase de brincar de pega-pega e esconde-esconde; Jogar Bola de Gude; Jogar Taco; Bicicleta e ao início da adolescência passamos a conversar mais do que brincar.
Enfim, o domingo era mesmo agitado. Não havia muitos brinquedos nem tantas tecnologias mas a felicidade parecia não ter fim. As relações não eram voláteis, mesmo após semanas sem se falar, nada mudava, estava lá intacta a amizade e prontos para brincarmos ou conversarmos sobre assuntos peculiares à adolescência como a primeira paixão, a primeira namorada e assim por diante.
Bom então quer dizer que hoje não é mais assim? Talvez seja, mas a intensidade com que as pessoas se relacionam não parece ser a mesma de antes. Paradoxalmente, ao passo que a tecnologia aproxima, ela também esfria as relações. O fato de conversar por toda a semana virtualmente, acaba tirando o sentido de uma boa conversa olhando nos olhos, um abraço de amigo e a convivência física.
Com isso os valores tem se ofuscado diante de tanta convivência virtual e pouca convivência física. Não há nada mais recompensador do que as lembranças que você carrega e as boas histórias vividas entre amigos. Destas Noites de Domingo em Condeúba surgiram as minhas mais sinceras amizades e ali aprendi, de fato, a valorizar uma boa amizade. Saudades desse tempo!