Melhor para a Costa Rica, que ousou mais, tentou mais o ataque e foi recompensada com a vaga inédita nas quartas de final da Copa: 5 a 3 nos pênaltis sobre os gregos, após 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação. Vitória apenas nos pênaltis, sim, mas para quem mostrou o futebol mais curioso da Copa até aqui, qual o problema? Ninguém esperava nada deles no “Grupo da Morte”, e agora já alcançam sua melhor participação em Copas. Será que algo é impossível para os “Ticos”?
Eles tentarão descobrir contra a Holanda, atual vice-campeã do mundo, no próximo sábado em Salvador. Itália e Inglaterra, campeãs do mundo, já sofreram com o time da América Central – será que um time três vezes vice também sofrerá? Até lá, segue o conto de fadas costarriquenho. Para a Grécia, fica a lição de que, às vezes, é preciso sair para o ataque. Quando conseguirem, talvez repitam a bela história construída pela Costa Rica, que está ente as oito melhores seleções do mundo no momento.
Fases do jogo: Nem Costa Rica, que conseguiu superar o antes chamado “Grupo da Morte”, nem a Grécia, que conseguiu sua vaga do jeito mais emocionante entre todas as 16 seleções que avançaram, iriam se expôr no jogo mais importante da história de ambas as seleções. Por isso, o primeiro tempo de jogo foi enfadonho, com poucas chances de perigo – a melhor veio com a Grécia, em cabeçada de Salpingidis que terminou em impressionante defesa de Navas, com a perna esquerda.
Só que tudo mudou logo aos seis minutos da segunda etapa, quando a Costa Rica trocou passes, mostrando a mesma categoria da primeira fase, até achar o capitão Bryan Ruiz, o autor do gol do triunfo sobre a Itália, livre na meia-lua. De perna esquerda, ele colocou a bola de mansinho no canto esquerdo de Karnezis, goleiro grego, que nem se mexeu. . A Grécia teve que sair para o jogo, como ocorreu contra a Costa do Marfim. De novo, poucos acreditavam. De novo, deu certo. No último lance, Salpingidis girou e bateu forte, Navas pegou, mas Papastathopoulos fez no rebote.
Nos pênaltis, após 0 a 0 na prorrogação, a Costa Rica contou com Navas, o melhor da partida. Pegou o pênalti de Gekas com uma só mão. História feita para o pequeno país de América Central que não possui exército, mas que mostrou muito poderio na Copa até aqui – e capacidade de superação.
O melhor: Navas - Nas estatísticas, ele foi o melhor goleiro do último C. Espanhol jogando pelo Levante. Por isso, virou o principal exemplo para os costarriquenhos de que eles poderiam surpreender na Copa. Sim, Bryan Ruiz, Campbell e Bolaños, na frente, são quem dão o toque de habilidade do time. Mas é Navas que garante os resultados lá atrás com suas defesas. Neste domingo, foi sua segurança que permitiu à Costa Rica recuar após abrir 1 a 0 – sabiam que, em seu gol, estava um dos melhores goleiros do Mundial. Sim, a Grécia empatou no tempo normal, mas só em rebote de mais uma grande defesa dele. Na prorrogação, duas defesas espetaculares, inclusive uma aos 16 minutos do segundo tempo. Nos pênaltis, uma defesa: a da vafa.
O pior: Samaris - O meia grego foi a aposta do técnico Fernando Santos após marcar um dos gols da vaga contra a Costa do Marfim. Mas ele nada produziu no meio grego, que dependia de alguma lucidez para conseguir no mínimo o empate. Não só levou cartão amarelo pelo nervosismo como foi substituído por Mitroglou, com o objetivo de conseguir mais efetividade no ataque.
Chave do jogo: A raça grega - Eles parecem gostar de jogar só de um jeito: com sofrimento. Tem que ser no último segundo, tem que ser quando ninguém mais acredita neles. Quando todos pensam que eles estão mortos. Não à toa, são chamados de “Navio Pirata”: os que roubam dos navios grandes. Mais uma vez, a Grécia se salvou no último minuto. Não deu nos pênaltis, mas foi essa raça que deu emoção ao jogo que muitos acreditavam que seria um dos piores da Copa. A Costa Rica avança, mas a Grécia também faz parte dessa história.
Toque dos técnicos: Fernando Santos mexeu três vezes em seu time, todas no ataque. Resultado: A Grécia atacou muito mais, principalmente após a expulsão de Duarte, no 2° tempo. Jorge Luís Pinto, o técnico costarriquenho, foi prejudicado por perder um jogador e não teve como mexer no ataque. Deu sorte que Navas defendeu quase tudo que chegou ao seu gol. Não foi um toque errado, foi um toque prejudicado por uma situação que ele não previa.
Para lembrar:
Boa parte do público que foi à Arena Pernambuco para o duelo pareceu não ter o“espírito alternativo” que o jogo exigia. Apesar de eliminarem seleções mais tradicionais na primeira fase, Costa Rica e Grécia levaram vaias no começo do jogo de torcedores que queriam ver um duelo de camisas mais tradicionais – mas de, na fase de grupos da Copa, menos futebol, que é o que vale.
Aos nove minutos do 2° tempo, Torosidis desviou bola com a mão dentro da área, em cruzamento que chegaria para Bryan Ruiz finalizar. O pênalti não foi visto pelo árbitro.
O gol de Bryan Ruiz foi o 19° gol de um capitão na Copa, melhor marca na história entre quem usa a faixa de líder em campo de sua equipe.
A Costa Rica supera sua melhor campanha em Copas. Em 1990, chegou às oitavas, mas caiu por 4 a 1 para a Tchecoslováquia. A Grécia, mesmo com a eliminação, também alcançou seu melhor resultado em Mundiais.
COSTA RICA 1 (5) X (3) 1 GRÉCIA
Data: 29 de junho de 2014
Horário: 17h00 (de Brasília)
Local: Arena Pernambuco, em Recife (PE)
Árbitro: Benjamin Williams (AUS)
Assistentes: Matthew Cream (AUS) e Hakan Anaz (AUS)
Cartões amarelos: Samaris, aos 35 min. do 1°, Manolas, aos 26 min. do 2°t (GRE); Duarte, aos 42 min. do 1°t, Tejeda, aos 3 min., Granados – no banco -, aos 10 min., Ruiz, aos 25 min., Navas, aos 44 min. do 2°t (CRC)
Cartão vermelho: Duarte, aos 21 min. do 2°t (CRC)
Gols: Bryan Ruiz, aos 6 min. do 2°t (CRC); Papastathopoulos, aos 45 min. do 2°t (GRE)
COSTA RICA: Navas; Gamboa (Acosta, aos 31 min. do 2°t), Gonzalez, Umaña, Duarte e Diaz; Bolaños (Brenes, aos 39 min. do 2°t), Borges, Tejeda (Cubero, aos 20 min. do 2°t) e Bryan Ruiz; Joel Campbell
Técnico: Jorge Luís Pinto
GRÉCIA: Karnezis; Holebas, Papastathopoulos, Manolas e Torosidis; Maniatis (Katsouranis, aos 32 min. do 2°t), Karagounis, Samaris (Mitroglou, aos 12 min. do 2°t) e Christodoulopoulos; Salpingidis (Gekas, aos 24 min. do 2°t) e Samaras
Técnico: Fernando Santos
Fonte: Uol