O hino cantado à capela, aterrando o receio de que a reação negativa da torcida fosse manifestar-se de imediato, e a presença de Neymar no banco não surtiram efeito. A Seleção teve outra atuação abaixo da crítica, como foi a tônica em boa parte desta campanha desastrosa, e termina o Mundial em casa, que esperava-se do hexa, como dizia a mensagem do ônibus oficial, com dois empates, duas derrotas e apenas três vitórias. Os números, neste caso, não mentem!
Para tentar reduzir a péssima impressão deixada depois do massacre alemão Felipão mudou meia equipe. A Seleção entrou em campo com seis atletas que não iniciaram a histórica derrota (um deles, o capitão Thiago Silva, voltou após cumprir suspensão automática). O comandante fez aquilo que para muitos deveria ter feito diante dos tricampeões, povoando o meio de campo, com Luiz Gustavo, Paulinho e Ramires. De nada adiantou!
Verdade que os holandeses abriram o placar à jato com um pênalti mal marcado pelo árbitro Djamel Haimoudi. O atacante Robben foi puxado por Thiago Silva fora da área. Na cobrança, Van Persie fez o Brasil sofrer seu centésimo gol em Mundiais e chegar a seu pior rendimento defensivo em uma edição, ultrapassando o de 38, na França. Aos 15 minutos, foi a vez do outro zagueiro, David Luiz, contribuir negativamente. O jogador recém-contratado pelo PSG cabeceou bola cruzada para o meio da área, onde estava Blind, que amplicou com bela conclusão.
Ao contrário da Alemanha, que seguiu envolvendo, a Holanda acomodou-se depois da boa vantagem e passou a fazer seu jogo seguro, como em todo o Mundial. O Brasil parecia um amontoado em campo, com jogadores batendo cabeç, fora de posição e esbarrando no sólido sistema da equipe laranja, que em Brasília vestiu-se de azul. Uma imagem no transcorrer da primeira etapa simbolizou o desencontro da equipe. Jogadores do banco de reservas sairam dos seus lugares e foram dar orientações, passando a frente de Felipão, que parecia desconsolado com o placar.
O desempenho ruim da Seleção gerou vaias na saída para o intervalo. Para o segundo tempo, Felipão fez uma mudança pontual no meio. Sacou Luiz Gustavo e colocou Fernandinho, tentando não perder a força no meio e, simultaneamente, tentando ter uma saída melhor. De cara, a equipe parecia mais ofensiva, porém não passou de impressão. O desespero na tentativa de reação fez Oscar recorrer ao malabarismo na busca por ludibriar a arbitragem. Aos 24 minutos, o meia atirou-se em lance na área e levou amarelo.
O time embaralhado em campo tinha como contraponto a atuação fria da Holanda, que se não conseguiu enfim seu primeiro título mundial sai com uma estatística para se orgulhar. A equipe de Van Gaal encerrou o Mundial invicta, algo jamais conseguido na sua história. E mais: levou seu último gol nas oitavas de final, com a defesa passando incólume nos três jogos finais (em dois a disputa estendeu-se até a prorrogação). Hulk, titular na campanha inteira, entrou apenas nos atos derradeiros, ao passo que Fred, tão criticado em toda a trajetória e que fez apenas um gol na campanha, nem entrou em campo.
O que era uma derrota categórica transformou-se em goleada com Wijnaldum, aos 45 minutos, para deixar o banco de reservas ainda mais atônico. As cortinas para a Seleção Brasileira se fecharam de maneira dolorosa na Copa do Mundo. Neste domingo, pode ainda ver sua rival Argentina conquistar o título no Maracanã. Até 2014, na Rússia, haverá muito trabalho para reconstruir um futebol de muitas glórias no passado e de um presente manquitolante.