O perfil ideal seria “parlamentares dispostos a matarem no peito os ataques e a assumirem o desgaste perante a opinião pública”. Além disso, o governo trabalha para uma CPI Mista — Câmara e Senado — para tirar o “palanque eleitoral do senador Aécio Neves”, como afirmou um integrante do primeiro escalão do governo.
Aécio tem se posicionado como líder da CPI e aproveita os holofotes para organizar os trabalhos da oposição. Para que as investigações ocorram de forma conjunta, os deputados terão que recolher novamente as 178 assinaturas para que sejam somadas às 29 já coletadas pelos senadores. “Se eles não conseguirem, já temos uma CPI pronta aqui no Senado. A CPI será instalada”, assegurou Aécio, após breve discurso no plenário da Casa.
O senador mineiro acusa o governo de tentar retirar algumas assinaturas. No Senado, os principais alvos são Sérgio Petecão (PSD-AC), Eduardo Amorim (PSC-SE) e Clésio Andrade (PMDB-MG). “Eu conversei pessoalmente com eles e disse ‘se vocês não se sentirem confortáveis para assinar a CPI, eu vou entender’. Eles me garantiram que assinariam”, confidenciou Aécio ao Correio. “A pressão do governo mostra a covardia e o medo que eles têm de ter que explicar o que fizeram com a Petrobras”, completou o senador mineiro.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou ontem que lerá o requerimento de criação da CPI da Petrobras no Senado, ainda que não concorde com ela. “É evidente que uma CPI em ano eleitoral mais atrapalha do que ajuda a vida do Brasil. Mas agora não há mais o que fazer, porque temos o requerimento. Vamos marcar a data para fazer conferência dos nomes e instalar a comissão. Vou combinar com os líderes o melhor calendário”, disse Renan.