Os responsáveis pela investigação acreditam que ele também é o "Compositor", uma referência ao maestro e compositor alemão Richard Wagner. Nelson Pellegrino é citado como "NP" ou "Andarilho", em alusão a "peregrino", trocadilho com seu sobrenome. No 1º turno daquela eleição, ele disputou o comando da capital baiana com ACM Neto (DEM) e com Mário Kertész (então PMDB), identificados nas conversas como "Grampinho" e "MK", respectivamente. No 2º turno, Kertész decide deixar o partido, que aderiu à campanha de ACM Neto, e apoiar Pelegrino. As conversas interceptadas revelam negociações envolvendo apoio político de Kertész ao candidato petista no 2º turno e o pagamento das campanhas. Wagner aparece como intermediador das conversas.
Quando Kertész marcou coletiva para anunciar sua saída do PMDB, Pinheiro enviou mensagem a Wagner. "Assunto MK, preciso lhe falar." Um pouco mais cedo, Pinheiro havia enviado mensagem a Manuel Ribeiro Filho. Investigadores suspeitam se tratar de possível código para efetuar um pagamento. No texto, o executivo escreveu: "O endereço que filho me forneceu foi M.K. Street 3.600". A suspeita dos investigadores é de que o número se refira a um valor pago e a sigla "MK" ao destinatário do dinheiro. Depois, os executivos da OAS comentam: "O valor é muito alto", em referência ao número 3.600. Troca de mensagens entre Léo Pinheiro e Cesar Mata Pires Filho, executivo da empreiteira, mostra que "JW" estaria ciente do apoio a ser intermediado ao candidato petista.
O ministro Jaques Wagner não respondeu aos questionamentos feitos pela reportagem até a conclusão desta edição. O advogado Edward Carvalho, um dos responsáveis pela defesa de executivos da OAS na Operação Lava Jato, disse que não iria comentar as informações. Já Mário Kertész afirmou que é amigo de Léo Pinheiro, mas que não participou de arrecadação para campanha de Nelson Pelegrino no segundo turno da disputa municipal em Salvador, tendo oferecido apenas apoio político. Pelegrino foi procurado por meio de sua assessoria, mas não se pronunciou.