A coleta foi feita no segundo semestre de 2013 e foram visitadas 81.767 casas em todos os estados, entre as quais 62.986 aceitaram responder ao questionário. Aliado a isso, todos os entrevistados tiveram peso, altura, circunferência da cintura e pressão arterial medidos.
Segundo o representante da Coordenação de Disseminação de Informações do IBGE na Bahia, Joilson Souza, o levantamento permitirá a criação de políticas públicas de saúde que possam colaborar para a melhoria da qualidade de vida da população.
“O estudo, por exemplo, traz o dado preocupante dos jovens, maiores de 18 anos, que afirmam fazer consumo abusivo de álcool e isso é um sinal de alerta para a sociedade como um todo”, diz Joilson, pontuando que se a Bahia preocupa em relação aos efeitos do álcool, os estados do Sudeste chamaram atenção para a prevalência de problemas crônicos de saúde, como a hipertensão, câncer, diabetes e depressão.
Quando questionado sobre o comportamento marcadamente feminino de substituir refeições e estar mais sedentária, o representante do IBGE ressalta o fato da questão ser uma característica das grandes cidades, onde a maioria da população é feminina, está no mercado de trabalho e encontra na inconveniência de retornar para casa um dos principais fatores para uma alimentação equivocada.
Mistura perigosa
Para o cardiologista Luciano Mello, da Clínica Serviços Integrados em Medicina, os dados do IBGE chamam atenção para a necessidade de desenvolvimento de um amplo programa de educação para saúde, especialmente para as mulheres.
“Sabemos que as mudanças de hábitos são sempre um desafio, especialmente na população adulta, por isso se faz necessário sensibilizar os mais velhos e educar as crianças”, defende o cardiologista.
Mello pontua que a mudança de hábito registrada pela pesquisa tem um impacto direto no cotidiano das pessoas. “Hoje, por exemplo, verificamos o surgimento de doenças coronarianas em mulheres cada vez mais jovens, antes mesmo do evento da menopausa”, pontua o médico.
Ele ressalta que o sedentarismo em quase metade da população, especialmente a feminina, deixa esse público com cem vezes mais chances de sofrer um infarto do miocárdio. “Hoje, 33% das mortes que acontecem em todo o país estão relacionadas aos problemas cardiovasculares, por isso, é urgente que as pessoas se sensibilizem para mudança dos hábitos de risco”, alerta.
Não bastasse isso, o médico lembra que a população sedentária amplia as chances de inúmeras doenças, chamadas de comorbidades, como a obesidade, hipertensão, síndrome metabólica, diabetes e as doenças osteoarticulares.
“Na verdade, os fatores apontados na pesquisa como a alimentação desequilibrada, o consumo excessivo de sal e álcool, quando combinados, formam uma equação explosiva para a saúde pública”, enfatiza o especialista.
O educador físico Julião Castello observa que a atividade física regular e orientada não só serve como prevenção para os fatores de risco destacados pela pesquisa, mas também garante qualidade de vida para o indivíduo, permitindo que outros problemas como a ansiedade, depressão e até mesmo a osteoporose, comum em pessoas obesas e sedentárias, não se instalem.
“É a atividade que vai regular o funcionamento do corpo”, diz ele, ressaltando que, em muitos casos, a prática de exercícios pode corrigir os problemas de saúde sem a necessidade de sobrecarregar o organismo com medicamentos.
A nutricionista e professora da Unime Graziela Brandão finaliza destacando que os problemas advindos desses maus hábitos são absolutamente preveníveis.
Instituto de Saúde Coletiva realiza ações para cuidar do pé diabético
No Brasil, cerca de 10 milhões de pessoas estão com diabetes e sofrem com as repercussões e agravamento do chamado pé diabético, que consiste nas alterações provocadas pela doença nessa parte do corpo. Na Bahia, 8% da população é portadora da doença.
Para ampliar o trabalho de prevenção e cuidados com o pé diabético, um grupo de pesquisadores do Instituto de Saúde Coletiva, unidade da Universidade Federal da Bahia, desenvolve um projeto de assistência específico para esse público na Unidade de Saúde da Família, em Santa Mônica.
O coordenador do projeto, o sociólogo e doutor em Saúde Coletiva Marcelo Castellanos, ressalta que a meta do grupo é realizar a prevenção e o manejo do pé diabético no distrito sanitário da Liberdade.
O cirurgião vascular do Hospital Universitário Edgard Santos Cícero Fidelis diz que o problema ainda é desconhecido por parte do público portador da doença.