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Série de aumentos de preços vai engolindo a renda do trabalhador

Publicado por     |   05 Jul 2015
  |  

Agência Brasil

Telefonia fixa, luz, água, passagens de ônibus interestaduais, gasolina, diesel, gás de cozinha, crédito pessoal e alimentos. Estes são apenas alguns itens que registraram alta significativa de preços no primeiro semestre de 2015, desde que explodiu a bolha do déficit público e o governo instituiu o ajuste fiscal. Enquanto isso, o poder de compra do trabalhador só faz cair.

No entanto, não se pode culpar o ajuste fiscal pela perda do poder de compra dos salários. Pelo menos é o que pensa o economista Armando Avena,  segundo quem “o ajuste fiscal não é responsável por esta situação. Na verdade, ele é um remédio para conter a inflação, esta, sim, a grande vilã que corrói o salário do trabalhador”.

De acordo com Avena, o trabalhador brasileiro vem perdendo capacidade de compra mensalmente. Os salários não são reajustados sequer pelo mesmo percentual da inflação, enquanto o crédito fica cada vez mais caro.”

Mas o economista ressalta que os preços dos alimentos têm sido os grandes impulsionadores da inflação. Ele lembra ainda que “a queda do poder de compra da população é nítida e a inflação é a maior responsável, pois já alcançou os dois dígitos em muitas cidades do país.”

Avena aproveita para fazer uma crítica: “Os donos de shoppings escolheram, em Salvador, o pior momento para iniciar a cobrança de estacionamento. Essa atitude funciona contra os lojistas e só é favorável aos donos dos centros de compra.”

Ele ressalta que não é contra a cobrança em si, “ela deveria vir, sim”, mas frisa que “jamais isso deveria ser feito em época de recessão. Como está, as vendas vão cair, virá o desemprego e assim seguirá o círculo vicioso”.

De acordo com material publicado pelo site Crédito & Mercado, Consultoria em Investimentos, na última semana de junho, o Relatório de Mercado Focus publicado nesta segunda-feira, 21/06, pelo Banco Central revela que os analistas das instituições financeiras reduziram significativamente as suas estimativas em relação à produção industrial e ao crescimento da economia para 2015, além de elevar a estimativa para a Selic em 2015.

“Os economistas dos bancos voltaram a elevar as suas projeções para o índice oficial de inflação do governo em 2015. Na percepção dos economistas o IPCA deverá encerrar este ano em 8,97% ante 8,79% da semana passada. Para 2016 os agentes do mercado financeiro continuam apostando que o IPCA encerre o ano em 5,50%.

Os agentes do mercado financeiro elevaram as suas projeções para a inflação suavizada nos próximos 12 meses, de 6,10% para 6,13%. Esta é a segunda semana que o mercado eleva a sua estimativa em relação a inflação para os próximos 12 meses.”

Pela terceira semana seguida os analistas do mercado financeiro, considerados Top 5, elevaram as suas estimativas para a inflação de curto prazo. Para junho a projeção foi elevada de 0,46% para 0,70%.  Por sua vez, a inflação de julho foi elevada de 0,40% para 0,41%.

 

Diz ainda o site que os analistas das instituições financeiras passaram a projetar que o PIB – Produto Interno Bruto de 2015 deve encerrar o ano em 1,45% contra estimativa de 1,35% da semana anterior. Há quatro semanas, a mediana era de -1,24%. Para o próximo ano, a mediana das estimativas passou de 0,90% para 0,70%. Um mês antes, estava em 1,00%.

Em relação ao desempenho da produção industrial, os economistas dos bancos reduziram significativamente as suas estimativas de -3,20% para -3,65% em 2015. Para 2016, os agentes do mercado financeiro reduziram as suas projeções de 1,60% para 1,50%.

Combustíveis, juros e gás de cozinha

No último dia 1º, a população recebeu o impacto de mais um significativo aumento de preço: afirmando que foram pressionadas pela alta do óleo diesel, entre outros reajustes relativos ao setor, as empresas de ônibus solicitaram e conseguiram autorização para aumentar em 7% o valor das passagens interestaduais.

Não custa lembrar que, este ano, em diversas cidades da Bahia, inclusive Salvador, já houve reajuste nas passagens dos ônibus urbanos. Na capital, a tarifa saltou para R$ 3, enquanto em Vitória da Conquista, por exemplo, subiu de R$ 2,40 para R$ 2,80, num  reajuste de mais de 16%.

O gás de cozinha também teve aumento, em média, de R$ 2 por botijão de 13 quilos (o mais usado) em Salvador, além de haver uma variação significativa entre os postos de venda. Na empresa Ligue Gás, por exemplo, localizada no bairro de Coutos, o botijão custava R$ 36 no início do ano e hoje é vendido por R$ 38, para entrega em domicílio.

Ainda assim, foi o preço mais barato encontrado pela pesquisa da reportagem da Tribuna. A Nossa Terra Gás faz a entrega cobrando R$ 44 por botijão, preço este que estava em R$ 42 no início do ano. Já a Brasilgás do bairro de São Caetano cobra R$ 48 na entrega, enquanto a Nacional Gás, na Ribeira, tem preço de R$ 47 para o mesmo serviço.

Dados do IBGE e LCA Consultores, divulgados recentemente numa previsão do que pode ser o cenário salarial para o brasileiro este ano, dão conta de que o IPCA deve subir em torno de 8,80% e os alimentos, 9,33%, enquanto a renda média do trabalhador não deverá ter reajuste superior a 8,97%.

Os custos da alimentação, que representam um quinto dos gastos de uma família brasileira, vêm subindo acima da renda por cinco meses seguidos, desde o começo de 2015, ainda de acordo com informações do IBGE. Já no dia 10 de junho último, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) autorizou o reajuste das tarifas locais e de longa distância dos planos básicos de telefonia fixa das operadoras Oi, Sercomtel e Telefônica, em 3,684%, e da Algar Telecom, em 4,546%.

Reajustes de preços desde janeiro

Os reajustes de preços têm ocorrido de forma tão vertiginosa, e começaram de maneira de tal forma abrupta já nos primeiros dias de 2015, que a população tem estado perdida diante de tantas más notícias. Vamos lembrar agora alguns aumentos que ocorreram já no começo do ano:

Gasolina – Em primeiro de fevereiro, entrou em vigor um pacote de reajuste sobre a gasolina, etanol e diesel. As medidas elevaram em cerca de  R$ 0,40 o litro da gasolina, por exemplo.

Crédito pessoal – O governo aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que incide nas operações de crédito para o consumidor.  A alíquota passou de 1,5% para 3% ao ano (o equivalente à alta de 0,0041% para 0,0082% por dia).

Juros – No início do mês de junho, O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) confirmou as expectativas de mercado e anunciou há pouco um novo aumento da taxa básica de juros, elevando a taxa Selic para 13,75% ao ano. Este foi o sexto aumento consecutivo do indicador, que atingiu seu maior patamar nos últimos nove anos.

Casa própria - A Caixa Econômica Federal aumentou no dia 19 de janeiro as taxas de juros do financiamento imobiliário para contratos novos.

Energia elétrica -  Foi fixada para  janeiro a bandeira tarifária de cor vermelha para os consumidores de todos os estados do país, com exceção do Amazonas, Amapá e Roraima (que ainda não estão interligados com o sistema nacional de energia elétrica).  Atualmente, todos os fornecedores de energia seguem trabalhando com esta bandeira, o que provoca constantes aumentos na conta de luz.

Crédito no BNDES – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fez, logo no início do ano,  uma revisão de suas políticas  para concessão de financiamentos a partir de 2015. As taxas de juros subiram e a participação do banco nos projetos foi reduzida.

Importados –  Desde maio, as alíquotas do Imposto de Importação avançaram de 9,25% para 11,75%. O objetivo foi o de compensar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que excluiu o ICMS das importações. A expectativa é arrecadar R$ 694 milhões neste ano, segundo o Ministério da Fazenda.

Cosméticos – Também a partir de maio deste ano, mudou o modelo de tributação dos atacadistas de cosméticos que são ligados a produtores. Com isso, houve aumento da tributação sobre batons. Esmaltes, laquês, alisadores de cabelos, maquiagem para os olhos, além de cremes de barbear, sais aromáticos para banhos e odorizadores de ambiente. Shampoos e condicionadores não devem ter sido afetados.

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